Afie suas garras, sua língua, seu pudor.
Rasgue-me, rasgue-me, rasgue-me.
Retalhe-me com suas palavras hostis.
Essa imagem que forma de mim,
Que me transforma em algo fútil
E inútil.
Retalhe-me, retalhe-me, retalhe-me.
Até as entranhas se for preciso.
Mas me destrua até o fim.
Pise nesse coração insólito
E bêbado que você ajudou a formar.
E não deixe sobrar piedade.
Use-me, use-me, use-me
Aponte o meu corpo caído e ria.
Humilhe como se fosse praga.
E esconda o segredo que há entre nós.
Sadicamente planejado.
Faça de mim seu prato quente.
E ascenda para a vitória descomunal.
De suas palavras cruéis e seus atos sóbrios.
Até o ponto final do orgulho.
Até que não sobre mais nada.
Mas não deixe que nesse dia desavisado.
Eu me levante e me jogue sobre você.
Pois as garras que se escondem em ti.
São as mesmas garras.
Que vivem em mim