"E o vento que sopra é sempre diferente. Todo dia um novo vento. Não se mantenha ao amor."
Pense bem se os olhares fossem obrigatoriamente recíprocos. Eu, claro, teria que olhar para a minha direita e pensar naquela pessoa que guarda um carinho profundo por mim, ou para aquelas pessoas, muitas pessoas, de quem eu, sem querer (nem tão “sem” quanto eu mesma gostaria de reconhecer) , me aproveitei até onde minha capacidade foi.
Mas... talvez você pudesse olhar também um pouco mais para mim.
Então... eu paro e penso.
É muito errado eu querer isso de você, pois são coisas que não quero para mim. Machucar outra pessoa. A hostilidade, ela é ruim. Mas ainda é melhor do que um carinho incerto, ou um amor forçado.
Por muitas vezes, eu quis, e quero, que você não se importe com a minha presença. Quando eu passo por você prefiro evitar seus olhos, ou a sua aparência tão fiel aos meus gostos, mas que é o exato motivo do meu “querer ficar longe”. É que eu não me sinto muito bem perto de pessoas bonitas.
Isso... chega a ser meio engraçado. E um pouco ofensivo.
De qualquer forma é triste o seu olhar pra mim, cheio de incompreensão e talvez um pouco de divertimento. Por dentro você sabe que é demais pra mim, não é mesmo?
Eu... sou simplesmente meio amargurada. Quando fico “bonita” é pra você, mas não quero que olhe pra mim. É engraçado.
Isso aconteceu vezes, mais uma vez e outra, e outra. Você não é o primeiro, o que talvez fira um pouco o seu ego, mas pode aliviar suas tenções e preocupações de incômodos futuros e sua beleza está salva.
O desapego é minha arma contra isso que as pessoas chamam de amor platônico.
Ai eu suspiro, giro um pouco na cadeira e dou uma risada dessas bobeiras.
Como é que... todo dia eu cavo covas, pra morre de pouquinho em pouquinho, sem nunca perder um gostinho, lá no fundo do desgosto, de felicidade.
Essas neuroses doloridas, elas me divertem.