A
história do menino que foi enviado pelos deuses em pêssego gigante como filho
para um casal de velinhos data da era Edo japonesa. Momotaro é um conto
infantil que, como a maioria dos contos japoneses, fala de valores como
coragem, bondade e a vitoria do bem sobre o mal.
Na
maioria das versões da história Momotaro parte em uma jornada para derrotar
Ogros (Oni no original japonês). No caminho se juntam a ele um cão, um macaco e
um faisão, após serem presenteados por ele com bolinhos de milho (kibidango)
feitos por sua mãe. Existem versões alternativas em que outros animais
juntam-se a Momotaro e até uma mais estranha (digamos, adulta) em que os pais
de Momotaro não o recebem de presente num pêssego, mas sim, ao comer a fruta, rejuvenescem
e o concebem.
A história é tão famosa entre as crianças que tem até musiquinha:
Vocês podem encontrar uma versão muito boa neste site:
Achei também uma
versão que ao invés de ogros, Momotaro e sua trupe lutam contra um Monstro!
E não podia faltar um videozinho, né?(Boa sorte, está em
japonês, mas é uma graça)
Essa história possui uma grande influência no Japão, sendo
que o nome Momotaro é encontrado em várias grifes, restaurantes e até numa
marca de kibidango!
É claro que eu não podia ficar sem escrever a minha versão
da história! Eu espero que gostem, é claro que dei aquela enfeitada básica(o
que seriam dos textos da Mari sem uma enfeitada?)
Rio a baixo um pêssego gigante deslizava por entre os vários
lírios e gansos. O macaco curioso tentou persegui-lo, mas, guloso demais, distraiu-se pensando em seu doce e apoiou-se
num galho fraco demais. Caiu entre os gansos e nada mais pôde fazer além de
acompanhá-lo sumir pela água.
O cão
que bebia água parou para acompanhá-lo com os olhos, bastante intrigado.
Um
faisão de plumas cheias sobrevoou o pêssego até um galho próximo e o observou
passar.
Na
margem mais longe do rio, a velha esposa do lenhador lavava as roupas, pensando
em sua solidão do marido. No filho que não haviam tido. Quando viu flutuando o
maior pêssego que havia visto na vida!
Com uma
vareta puxou-o para a margem e correu para mostrá-lo ao marido em sua casinha.
Chegando lá o velinho surpreendeu-se com aquele belo e cheiroso pêssego gigante
e correu para cortá-lo. E do pêssego surgiu uma voz desesperada.
-Não me cortem! Não me cortem por favor!
E qual
foi a surpresa do casal quando um belo menino saiu de dentro do pêssego!
-Não precisam se assustar. –disse a criança. –Foi Deus que
mandou a mim para ser seu filho.
O
lenhador e sua esposa logo se alegraram e tomaram a criança do pêssego como
filho. Chamaram-no de Momotaro, o menino do pêssego.
Momotaro
cresceu na vila com as crianças muito saudável e feliz. Era excelente em tudo o
que fazia. O mais rápido. O mais ágil. O mais forte. E era também um menino
muito gentil, sempre ajudando a todos com humildade e perseverança.
Mas
havia algo que deixava Momotaro inflado de raiva!
Todos
os anos,na época da colheita, uma gangue de ogros invadia a vila e roubava
grande parte dos bens dos moradores, e ainda causava arruaça, deixando para trás
casas destruídas e pessoas machucadas.
Então,
quando Momotaro completou 15 e se tornou capaz de carregar 10 toras de árvore
com facilidade, pôs-se em frente a seus pais e disse:
-Pais amados, sou muito agradecido por todo amor que me
deram em todo esse tempo que me acolheram. Então, agora que sou crescido e
forte, preciso fazer algo pela vila em agradecimento. Partirei para Ilha dos
Ogros (Onigashima) e trarei de volta nossos pertences!
O
lenhador e sua esposa ficaram muito
apreensivos, mas também orgulhosos pela coragem de seu amado Momotaro. A velha
senhora costurou-lhe uma bela veste de samurai. O lenhador deu a Momotaro seu
melhor machado e uma espada de sua juventude.
Antes
que o menino partisse, os pais deram-lhe de presente bolinhos de milho
(kibidango), os melhores do Japão, para que não lhe faltasse força em sua
jornada.
E com
sua coragem o menino do pêssego partiu em sua jornada, sempre guiado pelas
margens do rio, para a Ilha dos Ogros.
Em
parte do caminho andado, Momotaro deparou-se com um cachorro velho que, com um
salto, atacou-o ferozmente. Momotaro se defendeu com a espada e, por muito
pouco, não feriram um ao outro gravemente.
-Por que me atacou senhor cão? –perguntou Momotaro.
-Momotaro-san, Momotaro-san, Desculpe, eu estou faminto.
Quando era mais jovem vivia na parte de cima do rio. Me banqueteava com os
melhores gansos. Agora que sou velho, as raposas e os lobos, que nunca haviam
sido páreos para mim, me expulsaram de minha casa. Agora vivo de restos e
ratos. São kibidangos que carrega nessa bolsa?
O
bondoso Momotaro deu-lhe um de seus kibidango para comer e, logo, o velho cão
se sentiu forte e muito agradecido. Quando o menino contou-lhe sobre sua
jornada, o cão logo ofereceu-se para ir junto.
-Sou um cão velho, mas ainda tenho meus dentes e minhas
garras. Enquanto eu estiver com você, ogro nenhum irá feri-lo.
E,
contente por ter um novo amigo, Momotaro agradeceu.
Mais a
frente em seu caminho, Momotaro e o cão depararam-se com um macaco travesso
que, do alto de um galho, atirou-lhes pedras e galhos.
-Por que está fazendo isso, senhor macaco? –perguntou
Momotaro.
-Momotaro-san, Momotaro-san. Confundi-os com os homens e
cães que vem caçar da minha espécie. Mal consigo sair de meus galhos para
comer. São kibidangos que carrega nessa bolsa?
Momotaro
explicou ao macaco sobre sua jornada e deu-lhe um dos kibidangos de sua bolsa.
E ele gostou tanto que pulou de galho em galho, tão agradecido, oferecendo-se
para acompanhá-los na jornada.
-Sou um macaco ágil e esperto. Enquanto eu estiver com você,
ogro algum vai enganá-lo.
Feliz,
Momotaro agradeceu e, juntos, seguiram viagem.
Quando
estavam próximos ao mar, um enorme faisão sobrevoou-os e começou a atacar
Momotaro, o cão e o macaco com bicadas ferozes. Nervosos, os animais começaram
a brigar.
Momotaro
usou sua trouxa para prender o faisão e salvar seus amigos.
-Momotaro-san, Momotaro-san, por favor, me solte.
Confundi-os com os ogros que aprisionam a minha espécie. Mal posso sair de meu
ninho para comer. São kibidangos que carrega nessa bolsa?
Momotaro
explicou ao faisão sobre seus planos de chegar a Ilha dos Ogros e deu-lhe um
dos kibidango. O faisão deu piruetas no ar de tanta felicidade.
-Eu os guiarei até lá! Enquanto estiver com você, nem um
exército de ogros poderá derrotá-lo.
E o
faisão guiou-os pelo mar em direção à ilha.
Ao
chegarem lá, depararam-se com um imenso castelo vigiado por centenas de ogros
que pareciam todos bêbados e ferozes, cheios de chifres.
O
faisão sobrevoou o castelo e voltou para contar a Momotaro que o chefe do bando
estava no centro do castelo, rodeado dos tesouros roubados.
-Mas eles são tantos! Como vamos derrotá-los? –pergontou o
macaco.
Momotaro
puxou sua espada bravamente.
-Enquanto eu estiver com Momotaro –disse o faisão. –nem um
exercito de ogros será capaz de derrotá-lo.
E o
faisão reuniu suas melhores aves para atacar o castelo. Os ogros tentavam
acertá-las com suas clavas, mas os ágeis animais desviavam-se e os bicavam ainda
mais forte.
Enquanto
eles se distraiam, o macaco saltou para abrir os portões e Momotaro e o cão
correram para juntarem-se a batalha.
Um ogro
desonesto tentou prender Momotaro numa rede, mas o macaco atirou-se na frente e
foi capturado em seu lugar.
-Enquanto eu estiver com Momotaro –disse, rasgando a rede
com suas unhas. –Nenhum ogro lhe enganará!
E o
macaco atacou o ogro com valentia!
Momotaro
e o cão seguiam em direção aos ogros quando um batalhão atirou-se sobre os dois
com suas clavas. Momotaro partiu várias com sua espada, mas mais e mais ogros
se juntavam a batalha.
Fiel, o
poderoso cão latiu alto e abriu o cerco a dentadas. Os ogros ficaram com tanto
medo que fugiram só de ouvi-lo rosnar.
-Enquanto eu estiver com Momotaro, nenhum ogro lhe
machucará!
O rei
covarde tentou fugir, mas, com seu machado, o forte Momotaro derrubou sobre ele
uma pesada coluna e rendeu-o com sua espada.
-Ogro cruel! Por muitos anos vocês atacaram minha vila e
roubaram nossos bens preciosos. Mas isso nunca mais acontecerá, pois eu e meus
amigos estaremos de olho em vocês!
Temerosos com o poder dos heróis,
os ogros renderam-se e prometeram nunca mais fazer maldades para a vila de
Momotaro e devolver todos os tesouros que haviam roubado, além de libertar o
povo do faisão.
No
retorno de sua viagem Momotaro e seus amigos passaram em várias vilas,
devolvendo os tesouros roubados a seus respectivos donos. Em sua vila, foi
recebido com festa por seus pais orgulhosos.
Momotaro
cresceu e se tornou um grande samurai e com seus amigos cão, macaco e faisão,
viajou pelo mundo vivendo muitas aventuras.
-Fim-
Obrigada pela leitura e desculpem meus desenhos apressados! Conto com vocês das próximas vezes! Um beijo!
Ref:
Livro:
As histórias preferidas das Crianças Japonesas.Florence Sakade e Yoshisuke Kurosaki Editora:JBC. 2005
Sites:
e wikipédia.